Por: * Marcone Silva
13 de julho de 2017
Infelizmente, muitas pessoas em nosso país continuam a ignorar a extrema importância e o papel estratégico que a Segurança do Trabalho tem em nossa sociedade. E, o mais triste ainda, é constatar que esse tipo de “ceticismo” e “desvalorização” é algo que extrapola o meio empresarial, e, que também alcança trabalhadores, governantes, autarquias, enfim, é algo cultural na população brasileira.
Dito isto, é comum e corriqueiro ouvirmos perguntas do tipo: uma política de Saúde e Segurança do Trabalho é mesmo necessária para minha empresa? A Segurança do Trabalho é relevante para minha empresa? Devo investir recursos para implementá-la? Existe redução considerável dos números de acidentes de trabalho em uma empresa, por conta dos investimentos em SST? Ou ainda, afirmações como: Contratar um profissional de SST é um “gasto” desnecessário; não faz diferença ter ou não um técnico de Segurança do Trabalho na minha empresa. Se você se identificou – ou então, já proferiu algumas destas perguntas e/ou afirmações, cuidado!
Dados do Ministério do Trabalho em parceria com outras instituições que atuam na área de SST, e, que inclusive, embasaram a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho (CANPAT) de 2017 - e que teve como slogan, a seguinte frase: “conhecer para prevenir” - , revelam que nos últimos cinco anos, o Brasil alcançou uma média de 710 mil acidentes do trabalho/ano. Desses, 2,8 mil resultaram em morte, 15 mil em sequelas permanentes e mais de 7 milhões de dias de trabalho perdidos a cada ano. Estima-se que Esses acidentes geram despesas anuais em torno de R$ 11 bilhões apenas para a Previdência Social. Ficando de fora desta conta bilionária os acidentes não notificados e os eventos envolvendo trabalhadores autônomos, informais, servidores públicos, militares e empregados domésticos – que não são incluídos nos estudos e nos dados estatísticos.
Segundo estudos da Organização Internacional do Trabalho (OIT) se incluíssemos ainda, os gastos com tratamento de saúde, perda de produtividade, indenizações, etc. essas despesas poderiam chegar à nada mais nada menos que 4% do PIB brasileiro – o que daria aproximadamente R$ 200 bilhões por ano segundo a OIT.
Portanto, o grande desafio para a Segurança do Trabalho continuar avançando no país, e, consequentemente, reduzir de forma expressiva esses números de acidentes que tanto nos envergonham e nos assustam, e que a cada ano subtrai dos cofres públicos quantias bilionárias, diz respeito principalmente a duas questões básicas: a primeira, passa inevitavelmente por uma mudança de cultura e posicionamento da sociedade em relação à Segurança do Trabalho no Brasil; a segunda, se trata de angariar apoio dos mais diversos setores da sociedade, como, empresários, trabalhadores, sindicatos, entidades públicas, autarquias, etc. para que todos possamos atuar juntos e de forma sinérgica nesta grande empreitada.
Por fim, só assim poderemos continuar escrevendo a história da Segurança do Trabalho no Brasil. Não só no intuito de preservar vidas, mas também com o dever e a responsabilidade de apontar para o futuro.
*É Técnico em Segurança do Trabalho, estudante de Administração, administrador e editor do site:tstmarconesilva.webnode.com/ e editor do Blog:ms-segurancaemfoco.blogspot.com.br/
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